sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Olhos

Teus olhos abertos
punham-se à escuta
de sabores àsperos
escorridos gota a gota
de remotos pertos,
inopinados rumores
que, em gritos surdos,
te diziam brancos
zuniam pretos
e te falavam todas as cores.
.
Teus decapitados olhos abertos,
põem-se, avidamente, à escuta
(...)
maculados pelo brilho
das ondas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

As 12 palavras

Ao "desafio das 12 palavras", proposto pelo blogue arrabisca.

Nomear doze palavras, de um dicionário repleto de coisas e imaginação, revela-se tarefa difícil.
Pensei e pensei e indecido-me pelo método de triagem verbal: exclusão de partes ou aleatoriedade? ou talvez as que me ressaltarem à memória (ou à vista!)?



Sem palavras
perscruto avenidas
inundadas de ninguém,
procuro vermelhos
em bairros cinzentos,
pesquiso azuis
em lagos barrentos,
assalto emoções alheias,
em êxitos impossíveis,
minto verdades
ao ouvido de um surdo,
vomito verbos
em sons desditos
(...)
Sem palavras,
palavras: cem.
(ou doze)

Não nomearei ninguém, por enquanto. Pesquisarei, primeiro, pelo mundo dos blogs.

Escolherei, depois.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Tronco do cajueiro

Tuas rugas são os caminhos
traçados pela tua estática, longa
e monótona jornada,
a bordo dessa velha casca
imprenada de (des)feitos,
pronta a insular-se.
.
E nasces fénix hoje,
com a certeza
de um mesmo amanhã - sem ontem!
.
Convences a tua célere existência
da sua perpétua imutabilidade,
...
assim,
sem mais.

domingo, 10 de fevereiro de 2008


terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Buraco negro


Descreves círculos
com o teu andar
síncrono e espiralado.
Na tua constante hipnose,
vortexas-te,
qual sedento buraco negro,
em forças centrífugas
(e centrípetas!) e,
com energia rodopiante,
exponencias a tua força
solitária e una.
Num agora,
que não metamorfizas
em depois,
num perpétuo centrismo,
circundas-te,
circundas-te,
circundas-te,
"
"
"
(...)